domingo, janeiro 10, 2010

Balanço pessoal da participação nos fóruns – Novembro e Dezembro

Nos meses de Novembro e de Dezembro de 2009, a minha participação nos fóruns do Curso de Formação para Implementação do Novo Programa de Português para o Ensino Básico limitou-se à leitura das diversas intervenções e reflexões dos colegas mais activamente envolvidos. Nesta fase, o facto de as intervenções estarem subordinadas a uma temática (as competências específicas) tornou o fórum mais organizado e fácil de consular. Vários colegas tomaram a iniciativa lançar questões pertinentes ao nível da oralidade, da leitura e do CEL, o que levou à reflexão e ao debate sobre aspectos variados relacionados com os novos programas de português.
A competência que deu azo à colocação de mais questões foi a da oralidade pelo facto de o novo programa orientar no sentido de esta ser alvo de uma maior atenção pelos docentes de Português, mais praticada nas aulas, avaliada formalmente e com uma maior articulação com o CEL. Verifiquei que a maioria dos docentes aplaude esta vertente dos novos programas, reconhecendo que, até agora, não tinha sido dado o valor, o espaço pedagógico, a formalidade e a prática que a oralidade exige e merece, sendo, portanto, importante a nova abordagem que se prepara agora ao nível da compreensão e da expressão do oral.
No entanto, também foi expressa a preocupação com as dificuldades com que os professores se confrontarão ao nível dos instrumentos de avaliação, da gestão do tempo e da falta de formação que sentem possuir ao nível da avaliação formal desta competência. Alguns colegas partilharam alguns dos materiais que têm produzido e aplicado nas suas aulas no desenvolvimento das competências do oral, a fim de que todos pudessem reflectir sobre os mesmos e dar o seu contributo para que sejam melhorados. A meu ver, esta partilha revelou-se bastante significativa no âmbito da reflexão e debate da oralidade, pois que, deste modo, pude constatar que o trabalho que se tem realizado é relativamente semelhante de escola para escola e de ilha para ilha. No entanto, foi também uma maneira de me aperceber de que ainda há muito a fazer ao nível da abordagem da oralidade como competência a desenvolver e a avaliar de modo processual. Tenho muitas dúvidas quanto ao modo como se ensina os alunos a planificar a sua oralidade, a revê-la e a corrigi-la, de modo a articulá-la com os conhecimentos adquiridos ao nível do CEL. Do mesmo modo, a escrita teve um espaço de reflexão e debate neste fórum. As grandes preocupações centraram-se nas dificuldades que os alunos sentem na produção de textos e na necessidade de se utilizar estratégias diversificadas que motivem para a escrita. No que diz respeito às dificuldades que os alunos sentem na produção de textos, a maioria dos colegas reconheceu que a escrita tem que ser uma competência desenvolvida de modo processual, com planificação, textualização, revisão e reescrita, sendo fundamental que o professor forneça aos alunos as técnicas, os modelos necessários para ultrapassar as dificuldades a esse nível. Mais uma vez foi mencionada a importância da articulação com o CEL e de desenvolver nos alunos a capacidade de reinvestir o seu CEL ao nível da escrita. Achei pertinente a sugestão de escrita colaborativa da colega Ana Fonseca, a qual considera esta estratégia muito eficaz por permitir aos alunos escrever em grupo, apresentando propostas, confrontando os diferentes contributos, reagindo a estes, procurando alternativas, solicitando explicações, apresentando argumentos e tomando decisões em conjunto.
Esta estratégia surgiu, assim, como uma possibilidade de actividade pedagógica e didáctica não só ao nível da textualização mas também do aperfeiçoamento e da motivação para a escrita. Alguns colegas alertaram para a importância que o primeiro ciclo tem no desenvolvimento da competência de escrita, na criação do gosto e da motivação para escrever. Aliás, o papel fulcral do primeiro ciclo também foi destacado ao nível da leitura, uma vez que é fundamental que, desde tenra idade, se promova nos alunos o gosto pelos livros, pois que a leitura e a escrita andam sempre de mãos dadas.
O CEL foi abordado ao nível dos pressupostos teóricos do texto programático, sendo destacada a perspectiva oficinal, para que o novo programa orienta aquando do desenvolvimento desta competência. Um aspecto mencionado por muitos colegas foi a preocupação que a maioria tem pelo facto de os alunos, muitas vezes, não serem capazes de reinvestir os conhecimentos adquiridos ao nível do desenvolvimento desta competência, daí que raramente se verifique uma concreta beneficiação da escrita e da oralidade através do CEL. Com efeito, a articulação do CEL com as restantes competências foi uma das grandes preocupações apresentadas pelos docentes intervenientes activamente no fórum.
Em termos mais gerais, neste fórum, os colegas focaram, também, a questão da transversalidade da língua portuguesa, o que considerei relevante, uma vez que tem sido uma preocupação pessoal o facto de considerar que, na escola, todas as disciplinas deveriam concorrer para a aprendizagem da língua materna ou de escolarização, contribuindo, de modo eficaz e concreto, para o desenvolvimento das competências específicas. Uma outra preocupação debatida foi a questão da anualização das competências e dos conteúdos, que os novos programas deixam ao critério dos docentes / da escola, tendo em conta os conceitos de progressão e de complexificação. As preocupações mais prementes dizem respeito ao tempo que deverá ser dado aos docentes para proceder a esta tarefa antes do início do próximo ano lectivo, as diferenças que haverá entre as escolas. As dúvidas a este nível persistem, uma vez que se trata de uma questão totalmente nova e que não é consensual entre os colegas.
O papel das TIC foi ainda destacado, sendo visível a experiência que alguns colegas têm já a este nível, utilizando o computador e o powerpoint como ferramentas para motivar os alunos e desenvolver de modo mais eficiente as competências específicas.

Pico da Pedra, 8 de Dezembro de 2009
Ana Isabel Carvalho